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O jornal conversou com alguns diretores do Jockey.
Eles veem como natural o fato de o Conselho de Cultura ter provocado o Ministério Público a se manifestar sobre uma recente mudança da legislação municipal que possibilitou ao clube alugar parte de sua área para as Lojas Havan e Zaffari, que, juntas, prometem abrir 400 novos empregos na cidade.
O Conselho diz que as obras de construção das lojas vão obrigar a retrair a área das raias de corrida, o que, na visão deles, compromete a originalidade do Patrimônio Histórico e Arquitetônico do Hipódromo da Tablada.
De fato, vai haver uma pequena retração da área, para poder receber os prédios das lojas e as quatro centenas de empregos prometidos. Porém, a direção do Jockey pondera que o Conselho de Cultura mantém uma visão convencional da questão da preservação do Patrimônio, uma visão que não considera a sustentabilidade econômica.
Segundo diretores, sem a locação da área do Hipódromo para a Havan e o Zaffari, o Hipódromo teria cerrado as portas no final de 2018, tomando o destino de muitos prédios públicos históricos, que terminam abandonados, sem função, sujeito à deterioração e até mesmo a incêndio, como o que destruiu o antigo prédio da Secretaria de Educação.
Os diretores ouvidos pelo jornal asseguram que a locação da área foi a última alternativa disponível para que o Jockey mantivesse as portas abertas, o emprego de 200 funcionários e o próprio patrimônio, já que o Jockey firmou compromisso público de reservar uma parte dos ganhos com a locação para conservar seu prédio, em percentagem a ser definida pelo conselho do Clube sobre os R$ 90 mil mensais de aluguel.
Abaixo trechos do que disseram os entrevistados:
“Só é possível preservar aquilo que se pode manter. Cada moeda que entrar terá por finalidade primeira proteger o patrimônio. Além disso, os diretores da Havan e do Zaffari se comprometeram por escrito a contribuir para a preservação do patrimônio”.
“O Jockey tem trabalhado seriamente para modernizar a sua gestão, resolver endividamentos e encorpar a receita, tudo com o fim último de manter vivo o Hipódromo, uma tradição nossa que sobrevive num cenário difícil para o turfe”.
“Nos quatro maiores hipódromos do País, do Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, não há mais público, tudo é visto pela TV, Internet, aplicativos. No Hipódromo da Tablada, o público frequenta”.
“O pelotense ainda gosta de ver as corridas”.
“No domingo do Grande Prêmio Princesa, por exemplo, 7 mil visitantes foram conferir os páreos”.
“Assim como ocorreu nos Cassinos de Jogos, os frequentadores não são mais a elite econômica, a ‘alta sociedade’, como se dizia. O perfil agora é popular, e gente de todas as idades”.
“Em Pelotas, a Tablada é um ponto de confraternização e diversão, como são o Parque Una, a Praça Coronel Pedro Osório, até mesmo o Shopping”.
“Como a Havan tem no domingo seu dia de maior movimento, a empresa será a maior parceira interessada em que o Hipódromo se torne atrativo para o público, que, antes das corridas, nos intervalos e depois arão na Havan para conferir as mercadorias e comprá-la. Para isso, a empresa pretende realizar ações que estimulem a frequência ao Hipódromo”.
“Todos ganharemos, inclusive, e sobretudo, o patrimônio”.