2e5h4t

Amoedo e Mateus, durante a campanha de 2018
Carta:
O Novo surgiu com o claro propósito de ser diferente, firmando-se como alternativa aos brasileiros cansados da velha política. Pretendia ser novo na atitude, na participação voluntária, no desejo de transformação, na busca pela liberdade. Em falar abertamente a verdade, sem medo de enfrentar tabus ou tocar em feridas.
Foi um alento: desde as manifestações contra a corrupção e a favor do impeachment da presidente Dilma, sonhávamos com um partido ficha limpa e que nos representasse de verdade. Que lutasse pelos nossos valores – como o respeito ao indivíduo e à propriedade, o combate aos privilégios e a defesa da descentralização. Queríamos uma sigla sem dono, construída efetivamente pelas pessoas. Idealistas, buscávamos construir uma nova cultura política.
Por tudo isso, nos vestimos de laranja e entramos na campanha eleitoral de peito aberto, como candidatos, voluntários ou militantes. Percorremos o Rio Grande em dezenas de reuniões, apresentando as bandeiras e filiando pessoas. Como voluntários, empregamos nossas energias e nossos recursos para construir um novo estado e um novo país. Ajudamos o Novo a crescer e se tornar conhecido. E olhamos para esse período com a gratidão de ter encontrado tantos gaúchos que compartilharam de nossos ideais.
Porém, com o ar do tempo, fomos percebendo que a teoria do Novo não se refletia na prática. Desde a campanha, discordamos de diversas atitudes tomadas pelo Diretório Estadual e pelo Diretório Nacional. De forma centralizadora, as decisões são impostas de cima para baixo. Também, os dirigentes não percebem a importância de um firme posicionamento contra a hegemonia de esquerda no atual momento. Confundem toda política com velha política, negando a máxima de que a política é a arte do possível.
Todas as tentativas de colaborarmos foram desconsideradas. Grupos de filiados de diversos estados registraram fatos que comprovam o descomo entre a realidade e o que o partido prega. Foi o caso, por exemplo, da recente definição das diretrizes para a expansão em 2020: sequer houve a participação de quem concorreu em 2018 ou que foi eleito. Vários municípios onde teríamos chances de eleger vereadores ficaram de fora.
Devido aos fatos expostos e por não vermos no horizonte chance de mudança na condução do partido, decidimos pela desfiliação. Saímos do Novo, mas levamos conosco todos os valores que nos uniram. Continuaremos empenhados e buscando espaços de participação onde possamos colaborar para melhorar a política nacional.
Porto Alegre, 3 de abril de 2019
Mateus Affonso Bandeira
Bate-papo com Mateus: ‘Eu não liderei este movimento de saída; ao contrário, tentei impedir’