2e5h4t
Ontem publicamos um post sobre a prisão de uma garota de 25 anos. Alguns leitores protestaram.
Não gostaram da palavra “garota” no título.
Ela é a mãe do bebê Bernardo, de um ano, que apareceu morto e, segundo a polícia, era agredido pelo padrasto, que não aceitava o fato de o menino ser filho de outro.
O padrasto já estava preso, faltava a mãe.
A polícia diz que ele tb abusou do bebê sexualmente, e que a mãe sabia.
Na polícia, o padrasto disse que os sinais de violência no ânus do bebê foi porque ‘expeliu uma moeda’, e que os machucados no corpo e na cabeça foram decorrentes da queda de uma escada.
A polícia é experiente. ‘Queda da escada’ é muito usada como desculpa para machucados, assim como ‘escorregar no banheiro’. A alegação da moeda é uma novidade, coisa cruel, porque é como se cobrissem o corpinho da criança com uma mentira.
Confiando no que diz a polícia sobre os depoimentos, não precisamos de muito para concluir que uma atrocidade aconteceu.
No momento em que o bebê foi morto, a mãe, refugiada, não estava em casa. Foi achada só ontem, no bairro Navegantes, na casa de sua própria mãe.
Ela foi denunciada pelo promotor José Olavo os, junto com o companheiro, por homicídio triplamente qualificado, meio cruel, motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima, além de estupro de vulnerável.
Voltando às críticas à palavra “garota”, vê bem a frase seguinte:
O fato de ainda ser uma garota obviamente não a isenta de responsabilidade e eventual culpa.
É igualmente chocante, porém, que tenha ocorrido o que ocorreu com o envolvimento de uma jovem, de quem se esperaria maiores esperanças na vida, sentimento típico da juventude.
Isso e outras muitas ocorrências policiais que nos chegam todo dia indicam que as esperanças estão morrendo muito cedo na cidade.
Pelos relatos policiais, a impressão é de que atos criminosos estão sendo praticados cada vez mais por jovens, jovens também mulheres e de baixa idade.
Apesar dos esforços por pacificação do Pacto pela Paz, que no último ano, segundo a prefeitura, reduziram a criminalidade pelotense, as pulsões permanecem incontroláveis.
É trabalho para toda uma vida, todas as gerações, até o fim dos dias.
É muito triste tudo, as vítimas, o destino das vítimas, e muito triste tb constatar os algozes terem “coragem” de fazer certas coisas, como esta inominável que fizeram com o bebê Bernardo, que – mais cruel de tudo – veio ao mundo para não entender.
Pelo pouco tempo de vida, nunca chegou a entender porque apanhava, era seviciado e o mataram. Veio à vida condenado a sofrer e morrer de forma fulminante.
O Pacto pela Paz, claro, seguirá tendo muito trabalho.