2e5h4t
Nós humanos sempre fomos uns bons de uns grandes fofoqueiros, no bom sentido.
A fofoca nos concentra e multiplica, crepita a imaginação, de alguma maneira enriquece a vida, preenchendo o vazio.
Hoje em dia a gente não precisa nem mais usar a boca pra fofocar.
Nem olhar a pessoa nos olhos.
Bastam os dedos.
Entregá-los à suavidade dos toques no célular, no tablet ou no notebook.
Todo dia eu me sento em frente ao note para ‘fofocar’, no bom sentido.
Sou jornalista.
É um ritual.
Distendo os dedos e as mãos.
Não preciso esperar muito.
Logo uma faísca dispara um pulso elétrico e tudo se torna meio mágico.
Os dedos tiram as teclas pra dançar e o baile começa pra valer.
Os dedos e as teclas seguem dançando até quase o ponto de me esquecer das dores que suplicam pela acomodação da minha coluna.
Continuo sentindo dor o tempo todo.
Mas sempre dou um jeito de me manter ereto, pra não perder a magia da festa.
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© Rubens Spanier Amador é jornalista.
Facebook do autor | E-mail: rubens.amador@yahoo.com.br