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Opinião

Merendeira desabafa: “Desumanidade no Pronto Socorro assassinou meu marido”

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A merendeira da rede pública Michele Sias Furtado e o marido, Marcos André Rodrigues Furtado

A merendeira da rede pública Michele Sias Furtado deixou um testemunho em forma de desabafo nas redes sociais, no Facebook, seu livro virtual.

Ela diz que o marido, Marcos André Rodrigues furtado, de 48 anos, servente de limpeza, morreu por negligência da prefeitura, no Pronto Socorro.

O caso parece ter relação com a crise financeira por que a a saúde pública em Pelotas (SUS), sem dinheiro para comprar equipamentos, remédios, sequer para pagar os funcionários em dia – há dois anos, na Santa Casa, eles recebem com atraso.

A situação chegou num ponto que boa parte deles paralisou atividades de quinta-feira até hoje – seguem paralisados até a meia-noite.

E ameaçam greve na segunda-feira, 25.

Abaixo o registro de Michele:

Meu marido teve um queda do telhado da nossa casa, no Fragata, uns três metros, de costas.

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Foi atendido pela Samu e encaminhado para o Pronto Socorro (Municipal).

Chegamos no Pronto Socorro (PS) às 18h de domingo ado e o neurologista só foi aparecer na segunda de manhã.

Tive que ir atrás dele. Ele, então me disse que tinha que fazer uma tomografia. Mas achava que não era nada.

Daí colocaram ele numa maca minúscula no corredor e, então, começou a novela.

Não quiseram fazer tomografia pq ele era pesado e ia quebrar a máquina, que era cara.

Implorei pra que transferissem ele pra Santa Casa, mas falaram que não era eles que decidiam.

Uma alma boa conseguiu uma maca maior, mas ele já não podia se mexer.

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Foi quando começou a ar mal, com vômitos, inchaço, falta de ar.

Só davam remédio pra dor é enjoo.

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Eu chegava a levar os médicos pelo braço pra ver ele é só diziam que não tinha nada a ser feito.

Quando resolveram fazer a tomografia, três dias depois dele ter ficado imobilizado na maca, foi tarde. Deu trombose na perna e nos pulmões, por ter ficado imobilizado muito tempo.

Só eu sei o quanto corri atrás dos enfermeiros e médicos. Fui até na Câmara (de vereadores) – e nada.

O raio-x, quando foi feto, levou três horas – pq não tinha quem levasse ele da emergência até o lugar do exame.

Acabou morrendo.

Não foi a lesão da coluna (grave) que tirou meu marido de mim, foi o descaso, a falta de compaixão daqueles que deveriam salvá-lo.

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Não foi a falta da tomografia que o matou, mas os três dias em que ele ficou imóvel na maca, esperando para fazer o exame.

Foi por causa do tempo que eles levaram discutindo se poderia ser feita a tomografia ou não, pq meu marido era muito pesado e poderia estragar a máquina.

Foi tb a falta da Eparina, um medicamento que evita a trombose e que ele deveria estar tomando (ter sido ministrado a ele) desde que ficou na maca.

Que triste saber que meu marido foi “assassinado”, pq a palavra é essa, não tem outra.

Agora estamos aqui sofrendo pq não terei um marido meus filhos, que não terão mais o pai.

Eu sei que a morte vem pra todos, mas, desse jeito, eu não consigo aceitar.

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Quantos ainda vão morrer pra que tudo mude.

Queria que nossa prefeita asse uma noite naquele PS (Pronto Socorro) só uma noite pra entender a dor daquelas pessoas.

É triste, muito triste.

Ele não queria morrer, ele queria viver, ver seus filhos se formarem, constituírem família, ter netos.

Infelizmente, isso não vai acontecer. Somos pobres, então não temos direito 💔💔😭

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Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento

O perigo das Gagas da vida

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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