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O presidente da Cannabis Avatãra, Gastón Morales, e Mark Bradley, da Green Leaf Farms International. Governo de Jujuy
Jujuy, uma província que faz fronteira com a Bolívia, de pouco mais de 700.000 habitantes, será a primeira da Argentina a cultivar sem restrições legais maconha para uso medicinal. A província de Jujuy está pronta para receber as primeiras sementes.
Expectativa é de que produza até 300.000 litros de óleo em cinco anos.
O Governo local conseguiu a autorização nacional para importar sementes e iniciar testes piloto em uma fazenda de propriedade pública, o anterior à elaboração e distribuição do óleo da cannabis.
Para isso criou a empresa pública Cannabis Avatãra, a primeira de seu tipo no país. Outra empresa, mas privada, a norte-americana Green Leaf International, subsidiária da Player Networks, colocará a experiência e 100% do dinheiro necessário para financiar o projeto
O Congresso argentino aprovou em março de 2017 uma lei que autoriza o uso medicinal da maconha. Limitou as permissões ao tratamento da epilepsia refratária e como, ao mesmo tempo, manteve a proibição do cultivo próprio, habilitou sua importação até o Estado reunir condições de produzi-lo.
Como o Estado não pareceu muito interessado em avançar na produção nacional do óleo, os pacientes ainda devem pagar 400 dólares (1.490 reais) por uma garrafa de 100 mililitros de óleo, suficientes, no melhor dos casos, para um mês de tratamento.
O valor supera em quase 90 dólares (330 reais) o salário mínimo de um argentino e força os pacientes a cultivar por conta própria, correndo o risco de ser condenados a até 15 anos de prisão, e recorrer ao mercado clandestino. Lá, o preço baixa para até 40 dólares (150 reais), mas por um medicamente sem controle algum e eficiência imprevisível.
O Governo de Jujuy prometeu que com a Cannabis Avatãra cumprirá o capítulo da lei que habilita a produção nacional de óleo de cannabis. “A ideia é que o Estado seja um fornecedor seguro”, diz Gastón Morales, presidente da empresa pública e filho do governador da província, o governista Gerardo Morales. A previsão é produzir 300.000 litros de óleo em cinco anos, suficientes para abastecer o mercado local e exportar os excedentes.
“Qualquer avanço é bom, porque hoje todas as mães vão ao mercado clandestino ou precisam cultivar”, diz María Elena Vildoza, da Cannabis Medicinal Jujuy. María Elena é a mãe de Gael, um garoto de quatro anos que sofre de epilepsia refratária. “Quando não pudemos comprar maconha por seu preço, deixamos de dar a ele a dose durante um tempo. Gael então voltou a convulsionar, começou a se isolar e parou de se alimentar. Com o óleo voltou novamente à vida”, diz.