2e5h4t
Lucas Fuhr, advogado e sociólogo
lucasdasilvafuhr@gmail.com
O Brasil encontra-se instável politicamente. Isso ocorre devido a uma quebra de paradigma verificada com a eleição de Jair Bolsonaro, o primeiro presidente assumidamente de direita desde a redemocratização.
Nesse contexto, os campos políticos reorganizam-se e disputam espaços para o próximo período, tal como melancias num caminhão em movimento.
Na esquerda existem duas facções: a primeira é a social-desenvolvimentista, defensora ardorosa depolíticas de indução estatal na economia – as quais foram, em grande medida, responsáveis por levar opaís à recessão em que se encontra.
A segunda, mais contemporânea, é a esquerda ‘identitária’, referente às subjetividades das pessoas vinculadas a algum grupo minoritário. Esta tem pouco alcance político devido às suas várias lacunas na compreensão do debate público. Ambas as facções tendem a andar muito próximas no Congresso Nacional.
Na direita existem outras duas frentes: a liberalizante na economia e a conservadora nos costumes. A primeira defende uma “guinada capitalista” para o Brasil baseada em reformas econômicas liberalizantes, embora sem esclarecer seus critérios para as privatizações.
A segunda tem ímpeto moralista e deafirmação das tradições, embora bastante alarmado e contraditório entre seus próprios representantes. Ainda que estas frentes sejam taticamente aliadas contra a esquerda, possuem divergências profundas, uma vez que a primeira pretende-se “moderna” e a segunda “tradicional”.
O governo Bolsonaro promete implementar as agendas dos “modernizadores” e dos “conservadores”, sem deixar claro quais as suas prioridades – e haverá o momento do embate entre elas.
Numa escolha, por exemplo, entre privatizações e reformas conservadoras na educação, onde o presidente alocará mais energia política?
O capitão reformado terá uma agenda mínima para o país ou se contentará em rechaçar ereagir a tudo o que for possível pintar de “marxismo cultural”? Quem muito reage, pouco constrói