Connect with us

Opinião 4d6u6w

Cinema: O primeiro homem 6b2l4u

Publicado

on

O jovem diretor Damien Chazelle já se tornou um dos grandes nomes do cinema contemporâneo. Em sua curta carreira, os excelentes Whiplash: Em Busca da Perfeição e La La Land: Cantando Estações e, com amadurecimento, chega ao seu terceiro e mais ambicioso longa, contando um dos eventos mais assistidos e notórios da história da humanidade, porém sob um ângulo inusitado: o drama familiar.

Quase 50 anos depois, O Primeiro Homem explora a vida do astronauta norte-americano Neil Armstrong (Ryan Gosling), o primeiro homem a andar na Lua.

Baseado na biografia de James R. Hansen, o roteiro de Josh Singer retrata a trajetória do engenheiro e piloto que se tornaria célebre.

Amargurado por conta do falecimento da filha, ainda criança, a narrativa sutilmente mostra como que o luto conduziu o protagonista em sua jornada.

Ao longo de aproximadamente oito anos, de 1961 a 1969, inúmeros candidatos a astronauta morreram em meio a exaustivos testes de preparação, somando perda de vidas e alto custo financeiro.

Publicidade

Acompanhamos, então, a evolução do projeto Gemini até chegar ao projeto Apollo, que levaria Neil Armstrong e Buzz Aldrin (Corey Stoll), com a Apollo 11, ao solo lunar. Além disso, vemos um turbulento contexto externo, com a corrida espacial dos Estados Unidos contra a União Soviética.

Porém, o foco está mesmo na intimidade de Neil Armstrong, que reage às perdas de uma forma muito reservada. De fato, Armstrong construiu uma barreira ao redor de si mesmo.

Ao lado do montador Tom Cross e do diretor de fotografia Linus Sandgren, Chazelle é impecável ao criar uma verdadeira experiência sonora e visual.

A cinematografia acerta ao, sempre que possível, aproximar a câmera de seus personagens e a fotografia é maravilhosa ao revelar cenas de encher os olhos, com uma direção de arte primorosa e repleta de detalhes impressionantes.

Em parceria com o compositor Justin Hurwitz (vencedor de 2 Oscars por La La Land), a sincronia entre som e imagem é perfeita. Vale ressaltar que o silêncio também faz parte, potencializando o impacto e ajudando a reproduzir a claustrofóbica sensação dos veículos espaciais.

Trabalhando novamente com o cineasta após La La Land, Ryan Gosling faz um belo trabalho ao interpretar um Neil Armstrong que conquista pela empatia ao mesmo tempo em que a a frieza de um personagem corajoso, mas incapaz de ter uma conversa com os filhos.

Se Ryan Gosling se encaixa perfeitamente no charme inexpressivo de Armstrong, Claire Foy brilha ao interpretar Janet, a esposa de Armstrong, que mostra toda a sua força em cena e surge como importante elo para o espectador, ajudando a enxergar as falhas do homem falho e imperfeito por trás do herói.

Publicidade

Além do casal protagonista, o elenco de coadjuvantes inclui Kyle Chandler, Jason Clarke, Corey Stoll, Lukas Haas e Patrick Fugit.

Como espetáculo, O Primeiro Homem é um filme que merece ser visto no cinema, seja por conta do visual estonteante ou do design de som impecável. Conhecemos, por fim, um homem comum e introvertido, mas decisivo e responsável por um dos grandes marcos da história da humanidade.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

Publicidade
Clique para comentar

Cancelar resposta 3f472d

Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

Publicado

on

Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

Publicidade

Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

Continue Reading

Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

Publicado

on

Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

Publicidade

A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

Publicidade

Continue Reading

Em alta 43506z

Copyright © 2008 Amigos de Pelotas.

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas 164y3d

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading