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Contos Eleitorais – Episódio 02. Por Pedro Hallal 2s4s2t

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Pedro Hallal, reitor da UFPel

O segundo episódio fala sobre a proliferação de discursos em favor do chamado “voto útil”, que muitas vezes se mostra de uma grande inutilidade. Aliás, a pregação do voto (in)útil é uma das estratégias mais eficazes usadas pelos grandes partidos para enfraquecerem os partidos menores, mantendo o protagonismo no cenário político do país. Peguemos o exemplo da eleição presidencial. Mesmo com as críticas feitas ontem às pesquisas eleitorais (Contos Eleitorais – Episódio 01), é evidente que houve migração de votos nas últimas horas em direção às candidaturas mais competitivas.

Tomemos como exemplo, primeiro, eventuais votos que migraram de última hora da candidatura do PSOL para a candidatura do PT. Esse seria o típico voto útil, que na verdade é inútil. Se a prioridade era garantir que houvesse segundo turno, não fazia a menor diferença votar na candidatura do PSOL ou do PT no primeiro turno, tendo em vista que ambos os votos contariam igualmente para evitar o segundo turno. Aliás, se todas as pessoas que acreditavam que o melhor projeto para o país era o do PSOL votassem nesse projeto, aposto que o percentual de votos subiria dos 0,6% observados nas urnas para, no cenário mais conservador, 5%.

Outro exemplo é a eventual migração de votos da candidatura do PSDB para a candidatura do PSL. Esse seria o típico voto útil na concepção da palavra. Nesse caso, os eleitores cuja prioridade era derrotar as candidaturas do campo progressista, optaram por votar na candidatura mais bem posicionada nas pesquisas que representasse o campo mais liberal, com a intenção de evitar o segundo turno nas eleições. A estratégia não foi bem-sucedida, de forma que teremos a oportunidade de seguir comparando os projetos das candidaturas do PSL e do PT para o futuro do país. Interessante aqui ressaltar que, pelo menos no primeiro turno, parece não ter havido transferência de votos da candidatura do NOVO para o PSL.

Nesse cenário, fica a dúvida: o limite de transferência de votos para a candidatura do PSL já não foi alcançado no primeiro turno? Ou seja, será que os eleitores remanescentes dos projetos do PSDB, NOVO, MDB e PODEMOS no primeiro turno não são exatamente aqueles que não concordam com o projeto de país defendido pela candidatura do PSL? Aguardemos o resultado das urnas.

O voto (in)útil é ainda mais inadequado nas eleições para os cargos de deputado. Nesses casos, a única explicação plausível é a conhecida competitividade humana, que estimula os eleitores a votarem em candidaturas com “maiores chances de vitória”. Vale aqui a sábia frase utilizada cotidianamente no mundo do esporte de que às vezes aprendemos mais nas derrotas do que nas vitórias. Do quê adianta eleger uma candidatura com a qual não temos afinidade em detrimento de fortalecer (mesmo que não eleita) uma candidatura com a qual temos grande afinidade?

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Brasil e mundo 3m3y11

Vivendo em mundos paralelos 5z181m

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. A mera notícia de um buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima, nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção na área sensível da saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão na percepção humana.

Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo. Nós apenas sentimos seus efeitos de forma drástica, por razões de ordem econômica e social. E também dimensionais.

Como a cidade não é grande, os problemas são ainda mais visíveis. Topamos com eles no cotidiano. Acontece que os buracos reais e metafóricos, ainda que denunciados, inclusive pelo cidadão que vai às redes sociais reclamar, avolumam-se sem solução que satisfaça, levando a outro problema, este de ordem comportamental.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, ao menos no essencial, nada muda em nossa realidade. Os problemas que dizem respeito à coletividade se repetem sem solução, fatigando a vida, pulverizando a mobilização.

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Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Em alta 43506z

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