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Movimento de Mulheres publica ‘Carta Aberta à Prefeita’ 95w15

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O Movimento pela Vida das Mulheres Pelotenses divulgou a nota abaixo sobre o caso das suspeitas de insegurança na realização dos exames de pré-câncer no colo de útero solicitados no sistema municipal de saúde.

Cara Prefeita Paula Mascarenhas,

Uma das razões para a descentralização da gestão dos recursos do Sistema Único de Saúde, ando esta a concentrar-se sob a responsabilidade da istração Municipal, foi diminuir a distância entre a voz dos usuários e aqueles capazes de ouvir e promover ações efetivas em prol dos cidadãos. O SUS é o maior sistema público de saúde do mundo, a senhora sabe, e é – embora apresente insuficiências – uma grande conquista da população brasileira. Lutamos pela sua manutenção e pela sua qualidade!

Nesse sentido, Prefeita, nós – mulheres pelotenses – perguntamos: a senhora, aqui tão perto, não ouviu o alerta dos cientistas e profissionais da saúde sobre os problemas de gestão no Serviço de Atenção à Saúde da Mulher?

Estamos todas de olhos e ouvidos abertos e temos visto repetidas vezes nos jornais, noticiários e vídeos na web, a senhora dizer que a desconfiança em relação aos resultados dos exames de pré-câncer no nosso município é baseada em uma denúncia anônima e sem provas. Mas não é bem assim, não é, Prefeita? E a senhora sabe.

Pelotas tem duas ótimas universidades, com programas de pós-graduação de referência na área da saúde: epidemiologia, ginecologia, enfermagem, saúde da família e comunidade, por exemplo. Estudantes e professores, médicos e enfermeiros, já vinham alertando há algum tempo sobre a grave situação em que se encontrava (e se encontra) o serviço de atenção à saúde da mulher no município de Pelotas. São fatos, Prefeita, evidências científicas que não foram ouvidas.

Um estudo seríssimo apontava, já em 2015, que nossas mulheres morrem mais de câncer de útero do que as brasileiras em geral. Aqui, de todas as pacientes diagnosticadas, 53% morre. É uma taxa muito alta! Lamentável. Essa tese afirma: em Pelotas as mulheres descobrem tarde que estão doentes. Muitas vezes tarde demais. O estudo foi publicado, inclusive, no Diário Popular – jornal de maior circulação da região sul – no ano de 2016.

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Outro trabalho, este na área da saúde da família, também já havia identificado diversas irregularidades na gestão à saúde ginecológica nas nossas UBS: falta de material, falta de higiene e – o mais grave – desconfiança com relação aos resultados do exame papanicolau.

A médica e estudiosa identificou uma mudança grave de padrão nestes resultados a partir de 2014: todos receberam o laudo de negativo para câncer na UBS em que ela trabalhava, mesmo para pacientes com lesões aparentes.

Ambos os estudos embasaram relatórios que foram enviados à prefeitura por suas autoras. A senhora, como professora universitária, sabe bem a importância da pesquisa e da valorização do conhecimento. Nós perguntamos: essas profissionais foram ouvidas?

Associado a isto, a mortalidade das mulheres em decorrência de cânceres de útero, ovário e vagina cresceu 50% em 5 anos no Município, a senhora deve saber, tornando o cenário ainda mais assustador para toda cidadã SUS-dependente. Foi exatamente nesse contexto de caos e preocupação que a Prefeitura recebeu, em 2017, um memorando documentado, inclusive, com prontuário de paciente diagnosticada com câncer de colo do útero e histórico de exames papanicolau com resultado negativo pela rede pública.

A preocupação da Equipe de Saúde da UBS Bom Jesus deveria ter caído como uma bomba, pois não era um fato isolado, era mais um motivo de preocupação entre tantos previamente apresentados. Entre provas científicas de que éramos mais vitimadas pelo câncer sendo mulheres pelotenses do que em outras cidades do país. Morremos mais e morremos antes. Descobrimos tarde. Os médicos suspeitam dos exames: trágico!

E o que a senhora fez? Nada. Quase nada. Efetivamente nada.

Diante de todo este cenário, nada.

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Enviou uma equipe da Vigilância Sanitária que, nós sabemos, não tem competência para fiscalizar o trabalho do médico citopatologista. Pode, simplesmente, avaliar as condições sanitárias básicas do local, avaliar alguma credencial.

Quem deveria ter ido fiscalizar o laboratório e o trabalho dos médicos é o responsável pelo contrato junto à Prefeitura. Sabemos que existe, sim, um médico fiscalizador responsável por este contrato no controle interno da Prefeitura.

Onde está, Prefeita, o parecer deste profissional? Por que esta opinião nunca veio a público?

Agora, a senhora diz que a responsabilidade era do Estado e que os governos estaduais vinham desde 2013 descumprindo com seu papel. Perguntamos: a senhora, frente a tão grave situação, preocupada conosco e preocupada em resolver o problema, oficiou formalmente, no momento em que recebeu a denúncia, o Estado do Rio Grande do Sul para que tomasse alguma providência? Ou o fez apenas agora, diante da repercussão na mídia?

Não, Prefeita, a senhora não fez quando deveria. Não investigou. Sequer solicitou relatório similar de profissionais das outras UBS’s para averiguar como estava a situação em diferentes regiões da cidade e do Município. Aliás, isso não foi feito até hoje, mesmo diante de toda a publicidade que o caso ganhou no último mês. Não chamou, naquele momento, sequer a paciente do prontuário junto ao memorando para refazer o exame ou oferecer, por meio da Prefeitura, assistência psicológica.

Esta senhora veio a público, seu nome é Ieda e tem dez filhos. Dona Ieda mostra os exames em foto no jornal Zero Hora. Na imagem não há controvérsias: os laudos indicam negativo para lesões cancerígenas por duas vezes. Dona Ieda, no entanto, está doente. O Ministério da Saúde determina que o laudo seja acompanhado de resultado negativo ou positivo apenas quando houver certeza absoluta do resultado.

Em qualquer outra situação, o exame deve ser considerado inconclusivo ou a lâmina descartada, recomendando-se nova coleta. O que a istração municipal tem a dizer sobre isto?

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Com a nossa saúde não se brinca, Prefeita. Temos medo. Mesmo após a denúncia na mídia, a única providência tomada pela Prefeitura foi no sentido de reavaliar as lâminas antigas, de exames ados. Isto não nos traz segurança, Prefeita. Ainda que as lâminas estejam em condições, e isto não é certo, não há como confiarmos na procedência deste material sob a guarda do laboratório acusado.

Dentro de um contexto de crescente mortalidade das mulheres devido ao câncer, com produção científica documentada mostrando evidências concretas e preocupantes sobre a atenção à saúde da mulher em Pelotas, é inissível que exames novos não sejam feitos. Com relação ao caos e insegurança em que nos encontramos não faltam provas!

Nos preocupa que a gestão municipal não consiga enfrentar o problema de maneira global, articulando as evidências à concreta realidade de nós, mulheres, especialmente daquelas mais carentes, que morrem e adoecem vítimas de um sistema reducionista, incapaz de raciocínios simpatizantes.

Na maioria das vezes, neste país, somos nós, mulheres, as principais gestoras e provedoras das famílias. Cuidar da saúde da mulher é uma ação transindividual, pois ao trazer segurança à mulher, o poder público está prestando assistência à família, à infância, à maternidade. A negligência, por outro lado, é igualmente grande em alcance. Direitos humanos fundamentais são negados quando o o à saúde a uma mulher é dificultado.

O mínimo que exigimos é a garantia de que nossos exames serão feitos novamente, desta vez sob a responsabilidade de outro laboratório, com toda a fiscalização adequada. Não queremos mais morrer! Gritamos pela vida das mulheres, Prefeita!

Atenciosamente,

Movimento pela Vida das Mulheres Pelotenses

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Brasil e mundo 3m3y11

A liberdade sagrada das redes 3f2n1p

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Brasil e mundo 3m3y11

Vivendo em mundos paralelos 5z181m

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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