Pessoas que se consideram “comuns” tem muita influência na sociedade, embora não saibam disso, justamente por se acharem “comuns”. Vamos aos fatos: a começar pelos publicitários, sua linguagem na TV mira as “pessoas comuns”, para um produto chamar a atenção, é preciso ser atraente para a maioria. Os políticos, nem se fala, miram as pessoas comuns o tempo inteiro. As empresas, ao planejarem seus produtos, preços e estratégias de vendas, pensam obviamente na maioria.
Claro que há públicos-alvo segmentados, em todas áreas de atividades, mas quanto maiores forem as empresas e os negócios, mais abrangente será a sua clientela-alvo. A própria mídia, embora consciente das opiniões de segmentos específicos, se dirige, de um modo geral, para um público mais amplo possível.
Essa “massa” de pessoas anônimas tem recebido vários nomes, de acordo com o assunto de que se trata. “Opinião pública”, por exemplo, é uma generalização que tem em mente a opinião da maioria das pessoas, que inclui a soma de todos os segmentos possíveis e uma vasta camada de “pessoas comuns” que geraria a opinião predominante, mesmo com possíveis segmentos em contrário à maioria.
“Maioria silenciosa” 1n2l18
“Maioria silenciosa” é outro termo que já foi usado, principalmente na política, para descrever o pensamento das pessoas que não se expõe em debates públicos, não brigam nas redes sociais nem saem nas ruas com palavras de ordem, mas guardam suas opiniões para si mesmas. Pois essa “maioria silenciosa” é capaz de decidir eleições, como qualquer analista político ou social pode constatar examinando os fatos. Nesse caso, muitas vezes depois de já ocorridos, pois por ser “silenciosa” essa maioria não demonstrava previamente sua tendência.
Essa ampla parcela da população não é propriedade de ideologias, não está presa à direita nem à esquerda, nem ao centro ou qualquer outro nome que se dê, ela flutua de acordo com o momento. Na prática, que influência ela teve nas nossas vidas? Houve mudanças trabalhistas, ainda pendentes de ajustes por sinal, mas não prosperou a reforma da previdência devido ao medo dos políticos não se reelegerem. O Temer desprezou absurdamente a opinião pública nos seus ministérios, para proteger a sua “turma”, mas cedeu em alguns assuntos como uma reserva no Amapá, devido à repercussão na opinião pública.
É importante lembrarmos disso porque, seja quem for eleito daqui a dois meses, não tomará posse como dono de país ou de nós, da sociedade. A eleição não torna a pessoa eleita uma donatária de uma capitania hereditária. Parece óbvio, mas o óbvio tem de ser dito, pois temos uma cultura “atávica”, carregada de ado, a atualizar.