Do Portal G1 – Ieda de Ávila, de 51 anos, dona de casa e mãe de 10 filhos, está no centro da polêmica que envolve a Prefeitura de Pelotas e o laboratório SEG, responsável há quase 20 anos pela análise dos exames contra o câncer de colo do útero no município e em outras 10 cidade da região.
Nos anos de 2015 e 2017 ela recebeu dois exames com resultados negativos para câncer de colo do útero mas, depois, uma biópsia confirmou o tumor maligno no útero.
O caso de Ieda foi citado no memorando pelas inciais I.A. enviado em julho de 2017 por médicos e enfermeiras da Unidade Básica de Saúde (UBS) Bom Jesus à Prefeitura de Pelotas. No documento, os profissionais alertavam a Secretaria Municipal de Saúde sobre a falta resultados positivos nos exames preventivos contra o câncer de colo de útero, o Papanicolau, em pacientes da unidade, nos anos de 2014 a 2017.
Em abril de 2015, Ieda fez a coleta e o resultado deu negativo para câncer de colo de útero. No fim de 2016, ela repetiu o exame, mas o resultado não foi localizado no posto de saúde. Ela foi informada pelas enfermeiras que o resultado havia sido perdido.
Em janeiro de 2017, ela voltou ao posto da Bom Jesus para refazer o preventivo. A médica, no momento do exame clínico, percebeu lesões no colo do útero e pediu que Ieda consultasse um especialista.
Em maio de 2017, um novo médico, especialista em casos de câncer de colo do útero, solicitou uma biópsia à Ieda. Na mesma época, ela buscou no posto de saúde o último preventivo, feito em janeiro. O resultado foi o mesmo de dois anos atrás: “negativo para malignidade”. A biópsia apontou para “pequenos fragmentos de carcinoma epidermóide, invasor e bem diferenciado”.
Logo após o resultado confirmado, a dona de casa começou tratamento no Centro de Radioterapia e Oncologia (Ceron) da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, e no Hospital Santa Rita, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Foram 28 sessões de radioterapia e seis de quimioterapia entre os meses de julho e outubro de 2017. Além das despesas com medicamentos.
A família vive do salário de pedreiro do marido de Ieda e do benefício da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) que ela ganha, destinada a pessoas de baixa renda com câncer. A dona de casa teve que pagar uma ressonância magnética, que custou R$ 720, e uma tomografia, de R$ 480. A cada seis meses, precisa gastar R$ 180 com uma consulta ao ginecologista e um exame preventivo do câncer, que precisa ser feito num laboratório particular de saúde.

O advogado Arthur Jardel de Oliveira Soares vai entrar com uma ação civil nos próximos dias contra a Prefeitura de Pelotas e o laboratório SEG. (Foto: Reprodução/RBS TV)
O advogado de dona Ieda, Arthur Jardel de Oliveira Soares, vai entrar com uma ação civil nos próximos dias contra a Prefeitura de Pelotas e o laboratório SEG.
“Já temos mais de 30 documentos e exames feitos pela Ieda. Queremos apurar se houve negligência ou imperícia do poder público e do laboratório. Ou ainda se há dolo eventual neste caso. Se nós percebermos que tem mais gente responsável, vamos atrás.”
Relatório de médicos e enfermeiros da UBS Bom Jesus, de 2017
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