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O jogo nunca termina 63343a

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“A Copa já começou?” perguntam, talvez de forma irônica, num dos posts do Rubens no seu perfil do Facebook. Confesso que deveria ter perguntado à autora sobre o real significado, mas este texto não se trata do post dela em si, mas da expressão “já começou”.

A Rússia, poucos sabem, possui a sua Riviera, a cidade de Sochi, à beira do Mar Negro. A região próxima à cidade é chamada de Crimeia, tão importante que está presente em obras e contos de literatos russos, como Dostoiévski e Tchekhov. Sua relevância política é tamanha que em 2014 foi anexada, de forma “não voluntária”, por Vladimir Putin, à Federação Russa.

Até então trata-se o fato como uma adesão voluntária da República da Crimeia à Federação Russa. Foi lá que Gorbatchev exilou-se depois que a URSS caiu. Igualmente quem controla a Crimeia tem para si o principal ponto estratégico da banda oriental do Mar negro, cujo ponto mais conhecido é o Bósforo, que fica na cidade de Istambul, na ora asiática, ora europeia, Istambul.

Mas, enfim, a Ucrânia perdeu a sua soberania sobre a Crimeia ao ter se perguntado: “Ué, outra guerra? Já começou?”.

Como se ironizando o papel de seus nacionais e o próprio Vladimir Putin, a Ucrânia ignorou os tiques e os taques do próprio relógio.

Ontem, 15 de Junho de 2018, ali perto, como citei, na Riviera Russa, em Sochi, na beira do mesmo Mar Negro, Espanha e Portugal fizeram o jogo mais aguardado da primeira fase da Copa do Mundo. A despeito de vizinhos e de compartilharem uma história secular, sua diferença no futebol chega a ser gritante.

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A Espanha faz uso de um estilo de jogo chamado de tique-taca, em que os jogadores, durante os 90 minutos de jogo, trocam a bola de pé em pé de forma acelerada, ritmada a ponto de fazer o adversário se perguntar: “Ué, o jogo já começou?”.

A quem assiste, parece ser cansativo. A bola é trocada, de pé em pé, numa plasticidade cansativa.

Fosse posto num desses modelos de previsão comportamental do esporte, seria como o seguido por Billy Beane no filme Moneyball  – o Homem que mudou o jogo, estrelado por Brad Pitt (aproveito para recomendar a leitura do livro Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis). Mas há, contudo, uma variável no futebol: a eterna outra variável não posta no modelo anterior.

Quando a Espanha “pensara” em começar o seu tique-taca, eis que Cristiano Ronaldo parte enfurecido para dentro da área dos espanhóis e é derrubado pelo goleiro De Gea. Pênalti. O melhor jogador do mundo parte para a bola e converte a primeira cobrança. Poderia Iniesta, Nacho e Diego Costa, assim como De Gea, terem se perguntado: “Ué, mas o jogo já começou?”

Foi esta a pergunta feita pelos jogadores brasileiros quando olharam para o placar eletrônico do estádio do Mineirão e viram que os alemães haviam feito cinco gols em menos de 25 minutos.

A verdade, e fiz uma delonga para chegar ao ponto fulcral, é que o jogo nunca termina, ele apenas é pausado, sofre uma leve interrupção, nada suficiente para nos tornar merecedores de uma pausa completa de nossa observação.

Apesar de celebrar as redes sociais, fico um pouco mais distante delas durante a Copa do Mundo, mas mesmo assim não alheio ao jogo que não tem começo e nem fim, é um eterno meio.

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“Não atrapalhem o meu hobby” 2lu5p

Diversos brasileiros estão forçando a figura do politicamente correto e pedindo “desculpas ao Brasil” por não torcer pela Seleção em razão dos problemas sociais que por aqui imperam.

Não lhes tiro a razão, só peço que não atrapalhem o meu hobby e o meu espaço.

O futebol, deveriam saber eles, é um esporte, um lugar comum, “todos os lugares em apenas um só”, a história que é contada durante os 90 minutos de um jogo não começou ontem e tampouco terminará amanhã, é uma história de amor e paixão entre o Brasil e o futebol, coisa que somente Nelson Rodrigues saberia explicar.

Não cabe a mim tentar sequer imitá-lo, mas afirmo que a história que falo é contada e recontada, há diversos roteiros, mas somente uma estrela, são nesses 90 minutos em que o nosso melhor sonho faz do planeta uma simples bola, e o mundo fica mais claro e mais justo, pelo menos até o apito final do árbitro.

Este jogo que já começou, e nunca terminará, prostra 11 contra 11 em igualdade de condições e os condiciona a um número tão grande de variáveis que não dá para se prever se apenas um desses 11 jogará por toda uma esquadra.

Quem viu, ou pelo menos revisou alguns dos lances de Portugal e Espanha, sabe do que eu estou falando. Cristino Ronaldo fez três gols, o famoso hat-trick.

Os heróis do mar, como diz a letra do hino luso, se dão ao luxo de ter para si um jogador comprometido mais do que todos os outros que estavam com ele em campo, e na hora em que os espanhóis começaram a se perguntar se o jogo já havia começado, os portugueses também cantavam para si o refrão de seu hino nacional, “às armas, às armas, sobre a terra e sobre o mar, às armas, pela pátria lutar”.

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Já o jogo, este, repito, nunca termina.

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Brasil e mundo 3m3y11

Vivendo em mundos paralelos 5z181m

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. A mera notícia de um buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima, nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção na área sensível da saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão na percepção humana.

Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo. Nós apenas sentimos seus efeitos de forma drástica, por razões de ordem econômica e social. E também dimensionais.

Como a cidade não é grande, os problemas são ainda mais visíveis. Topamos com eles no cotidiano. Acontece que os buracos reais e metafóricos, ainda que denunciados, inclusive pelo cidadão que vai às redes sociais reclamar, avolumam-se sem solução que satisfaça, levando a outro problema, este de ordem comportamental.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, ao menos no essencial, nada muda em nossa realidade. Os problemas que dizem respeito à coletividade se repetem sem solução, fatigando a vida, pulverizando a mobilização.

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Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Em alta 43506z

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