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Opinião

Um risco que Leite corre

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Eduardo Leite conhece os nervos do Governo como ninguém, pelo menos do Governo de Pelotas, pois em nível Estadual o buraco é mais embaixo. Não são apenas problemas locais que devem ser geridos, senão de interesse até mesmo nacionais, a começar pelo processo de privatização das estatais, a única forma de se salvar o Estado da Ruína. Mas por que digo isto?

Ora, a União Federal pode decretar a Intervenção Federal para reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei.

Não estou a afirmar que a não realização das privatizações vai gerar o efeito interventivo, mas o Estado não vai ter como arcar com os seus compromissos, o que seria uma nódoa grande no currículo de um .

Espécie de Cezar Schirmer?

Se o objetivo de Leite é alçar voos mais ainda mais altos que o Piratini, deve estar em pauta a reorganização das contas do Estado e isto só é possível com a privatização das Estatais mais rentáveis, quais sejam a CEEE, a CORSAN e o BANRISUL, caso contrário Leite será uma espécie de Cezar Schirmer.

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Para quem não se recorda, em 1992 Schirmer concorreu à Prefeitura de Porto Alegre pelo PMDB, perdendo no segundo turno para Tarso Genro, que vinha de uma campanha impulsionada pelo Governo de Olívio Dutra, um dos marcos divisórios no PT, tornando Porto Alegre como um modelo a ser seguido pelas outras gestões de esquerda, algo só interrompido por José Fogaça em 2004.

Dois anos mais tarde Schirmer foi indicado como segundo candidato ao Senado pelo PMDB. Não custa lembrar que naquele ano Antônio Britto deu uma rasteira em Orestes Quércia e apoiou FHC. A dobradinha do PMDB era formada por José Fogaça e Cezar Schirmer.

Até os 45 minutos do 2º tempo estava em segundo lugar na apuração, próximo de ser conduzido à segunda cadeira daquele pleito, mas não contava com o carisma de Sérgio Zambiasi, radialista da Rádio Farroupilha, à época deputado estadual e que depois se sagrou senador em 2002, alavancou os votos da professora Emília Fernandes.

Nunca mais se ouviu falar em Schirmer até o desastre da Boate Kiss. Este é um risco que Eduardo corre.

Se for eleito, terá de celebrar pactos leoninos com os mais variados flancos do Estado, do ERS-Sindicado à AJURIS, agradar não só ao Legislativo, mas ao próprio Executivo, bem como ao Judiciário.

Posição vacilante

O Rio Grande do Sul não é Pelotas e, em seus discursos, Eduardo ora parece saber disso, ora parece desconhecer.

Algo é certo, ele contará com o meu voto apenas num eventual segundo turno contra qualquer candidato que não seja Mateus Bandeira.

Eduardo, além disso, necessita se posicionar sobre o seu papel no PSDB.

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Se for fiel ao partido, estará alinhado com Aécio Neves, que deve se eleger ao lado de Dilma Rousseff por Minas Gerais, Eduardo Azeredo e até mesmo Geraldo Alckmin, ou, como quer o partido, o “Geraldão das Massas”.

A sede desmedida de poder pode levar ao esquecimento, todavia de nada adianta conhecer os nervos de um governo sem antes conseguir controlá-los. E o leitor não é inocente a ponto de saber como se controla um regime de coalizão: com a concessão irrestrita de privilégios.

Leite está pronto para assumir este papel? Fica a pergunta.

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1 Comment

1 Comments

  1. kafka

    02/06/18 at 15:47

    Já disse e repito: votei no Leite a na Paula para a prefeitura. Acho que o Eduardo não tem cacife para enterrar definitivamente o PT no Estado. Votarei em quem tiver condições de fazê-lo. Os partidos com poucos votos já estão estregando, de mão beijada, uma cadeira no senado ao falacioso e inoperante Paulo Paim. Lançando “um montão” de candidatos ao senado, cuja eleição é majoritária, mas em turno único, vão fazer a mesma “burrada” que fizeram, anos atrás em Santa Catariana, quando elegeram a incompetente Ideli Salvatti, com meia dúzia de votos, pela pulverização de sufrágios em vários candidatos. Eleição majoritária, em turno único, só serve para candidatos de eleitores fanáticos, que votam até em um “poste”, desde que seja “companheiro do partido”.

Brasil e mundo

Vivendo em mundos paralelos

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções.

Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo. Nós apenas sentimos seus efeitos de forma drástica, por razões de ordem econômica e social. E também dimensionais.

Como a cidade não é grande, os problemas são ainda mais visíveis. Topamos com eles no cotidiano. Acontece que os buracos reais e metafóricos, ainda que denunciados, inclusive pelo cidadão que vai às redes sociais reclamar, avolumam-se sem solução que satisfaça, levando a outro problema, este de ordem comportamental.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

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Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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