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Mundo velho sem porteira 3z4n5l

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Quando eu era um ginasiano confuso quanto ao futuro profissional, considerei seriamente a possibilidade de estudar pelo Instituto Universal Brasileiro, que formava técnicos por correspondência.

Fundado em 1941, o IUB era uma espécie de escola técnica básica.  Formava profissionais em atividades como eletricista.

Para conquistar alunos, publicava anúncios em tudo quanto era revista. Nos anos 1950 e 60, havia reclames do IUB até em revistas de fotonovelas que a gente encontrava nas casas das tias solteiras.

Logo nas primeiras aulas, o aluno recebia um kit de ferramentas e bola pra frente. Eu simpatizava com o curso de técnico em rádio, TV, mas não tive oportunidade de fazê-lo porque, terminando o curso médio, tive a sorte de arranjar um emprego como radialista, o que me levou a estudar jornalismo, cujo currículo era cumprido em três anos, aulas noturnas com alguns sábados de aulas práticas.

Naquela época aprendi que o jornalista é uma espécie de servidor público como os advogados, sacerdotes, policiais…A gente deve procurar servir ao interesse público, que vem a ser uma espécie de encarnação algo difusa da democracia.

Concluí o curso em 1968, “o ano que não terminou” (titulo de livro do jornalista Zuenir Ventura); e, apesar de percalços e dissabores, posso dizer que fui feliz como repórter, redator, editor etc…

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Ainda agora, na medida do possível, sigo tentando seguir as três trilhas – da verdade, da justiça e da liberdade — que teoricamente podem levar à felicidade da maioria, a despeito das manipulações praticadas por minorias especializadas em espertas jogadas financeiras.

Agora que o ofício de jornalista foi tomado de assalto por pessoas sem formação técnica universitária, por marqueteiros dispostos a usar os espaços editoriais em favor de interesses particulares, digitei no Google o nome do Instituto Universal Brasileiro e pude constatar com alívio que ele continua ativo.

Estão disponíveis diversas opções técnicas como cursos de eletricista, pedreiro ou especialista em consertos de rádios, TVs ou carros…

Estou simpatizando com o curso de jardineiro…

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2 Comments

2 Comments 1p2p20

  1. Willian Silva

    24/05/20 at 14:51

    Eu fiz o curso de Desenho, ainda em 1993. Coincidentemente, foi quando o IUB atualizou as apostilas. Da tradicional capa Rosa/Preto, sabe-se lá a quanto tempo em uso, para uma versão mais moderna e totalmente colorida. Parte dos conteúdos e imagens foram reaproveitados. Mas o design foi mais moderno. Eu devo ter pego a primeira tiragem das apostilas, pois na capa só havia o índice. Mas alguns anos depois, um amigo fez o mesmo curso e as capas já vinham ilustradas com conteúdo da própria apostila. Hoje, revendo o material (eu já não desenho a muito tempo, mas trouxe tudo para a mesa e estou ensaiando novamente alguns traços), acredito ter encontrado meu número de matrícula.

    Quando eu era moleque, lá pelos menus 12-13 anos eu creio, ganhei de um amigo, na empresa em que eu era Menor Aprendiz a coleção antiga do curso. Ele comprou, mas nunca fez o curso. Eu a tenho até os dias de hoje. Todas as 17 aqui na minha estante de livros. Encadernadas com plástico transparente, para não perder a identidade.

    Penso até que vou retomar a prática, como forma de aliviar meu stress do trabalho. Vejamos onde isso irá me levar!

    Mas ler esta matéria foi uma viagem no tempo! Alegrou meu domingo!!

  2. kafka

    31/05/18 at 17:22

    A verdade é que os jornalistas, agora como sempre, nunca exigiram que a profissão fosse, realmente regulamentada. Pessoas como Edmundo, Edilson, Júnior, Casagarnde, apenas para citar alguns, jamais exercerão funções de médico, advogado ou engenheiro, sem a devida formação, pois incorrerão no crime de exercício ilegal da profissão.

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Brasil e mundo 3m3y11

A liberdade sagrada das redes 3f2n1p

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa contra o trauma. Pois, assim como a criança traumatizada, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas se refugiam no mundo virtual, guardando, do mundo concreto, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que, eis o ponto, como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além disso, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Brasil e mundo 3m3y11

Vivendo em mundos paralelos 5z181m

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções.

Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo. Nós apenas sentimos seus efeitos de forma drástica, por razões de ordem econômica e social. E também dimensionais.

Como a cidade não é grande, os problemas são ainda mais visíveis. Topamos com eles no cotidiano. Acontece que os buracos reais e metafóricos, ainda que denunciados, inclusive pelo cidadão que vai às redes sociais reclamar, avolumam-se sem solução que satisfaça, levando a outro problema, este de ordem comportamental.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

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Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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