Connect with us

Opinião 4d6u6w

Pacto pela paz não se faz gerando controvérsias 4b1b5t

Publicado

on

Pacto pressupõe um acordo, que não houve

Acredito que as intenções da Prefeitura sejam as melhores com a proposta do Pacto pela Paz. Há, contudo, uma série de ressalvas, muitas das quais reservo para mim, mas que entendo ser necessário o seu compartilhamento com a comunidade, pois só assim se estabelece um plano democrático.

Em primeiro lugar friso que sou absolutamente contrário à intervenção do Estado, em suas três esferas, na esfera privada, da mesma forma que o bom senso e a razoabilidade deveriam ser a ordem do dia na sociedade pelotense, mas infelizmente não é assim que o processo se afigura.

Um dos exemplos que lanço é o consumo de bebidas alcoólicas em praça pública, mais especificamente no entorno de sítios universitários, como é o caso da Rua Gonçalves Chaves, onde está o átrio da Uel, mas o mesmo problema está na Zona do Porto e até mesmo na Avenida Dom Joaquim, aos sábados em domingos, sem esquecer de mencionar a orla da Praia do Laranjal.

Lembro bem quando a então vice-prefeita, hoje prefeita, comparou a Pirâmide do Louvre com o asfaltamento parcial da ciclovia em torno da Praça da Catedral.

Em Paris é de praxe caminhar pelas ruas e ver mesas redondas com bancos virados para a rua, em que os parisienses se reúnem para conversar e, adivinhem, consumir bebidas alcoólicas, seja um vinho tinto de Bourdeaux, um Rosé da Provance ou até mesmo uma Vodka ou um Whisky.

A prática é tão comum que no inverno os donos dos estabelecimentos colocam, além do aquecimento externo, cobertores, para que os que preferem ficar ao lado de fora possam fumar e beber sem sofrerem com o frio. Não há ninguém, por sua vez, que pegue uma garrafa de vinho e saia caminhando em direção ao metrô. O comportamento do parisiense é exemplar, pois sabe lidar com os limites.

Publicidade

Há locais para o consumo de bebidas alcoólicas, assim como há o lugar adequado para se correr e caminhar (algo que ainda falta em Pelotas), pois o tão esperado pulmão verde não sai do papel.

PACTO OU ‘COMPROMISSO’?

Outro ponto que julgo ser agressivo está no próprio nome, “Pacto pela Paz”. Um pacto pressupõe duas partes, que de comum acordo cedem em algo.

Aqui há a imposição do poder público mediante a aceitação cogente do cidadão, sem o direito de reclamar, salvo pelas vias previstas em lei e sem prejuízo de recorrer ao judiciário, mas entendo que o nome correto deveria ser “Compromisso pela Paz” ou algo parecido.

Não posso fazer um Pacto com a prefeitura. Não há, portanto, Pacto pela Paz ou coisa parecida. Só se fazem tais pactos em caso de guerra declarada e a sua forma é em Tratado de Paz.

O único “Pacto de Paz” que tenho conhecimento, sem ter de recorrer aos livros de história, se deu entre as famílias Hatfield e McCoy, em 14 de Junho de 2003, pondo fim a uma guerra que vinha desde os anos de 1863, na região do Rio Tug, fronteira da Virgína Ocidental com o Kentucky, nos EUA.

CÓDIGO DE CONVIVÊNCIA

Publicidade

O Código de Convivência, uma das partes do “Pacto pela Paz”, conforme proposto pela Prefeitura, é uma imposição ao direito de ir e vir, um cerceamento ao direito de liberdade.

Como bem assinalou Luiz Carlos Freitas, em uma de suas colunas cuja data não lembro, existe uma imperatividade que remonta ao “Big Brother” de George Orwell em seu excelente 1984.

A Secretaria de Segurança Pública, em alusão à Novela, poderia ar a ser a Secretaria do Amor (no livro há o Ministério do Amor, responsável pela Polícia de Pensamento, cujos porões eram temidos pelos eventuais transgressores).

A tentativa de se regular a atividade privada soa como uma afronta, um embate.

A República Federativa do Brasil me retirou o direito à legitima defesa quando praticamente desarmou os civis. Agora é a vez da Prefeitura a condicionar o “preenchimento de lacunas” do Código Penal, segundo as palavras da própria Prefeita, que colaciono:

“Precisamos organizar a sociedade com uma proposta de harmonização das relações sociais, de combate aos pequenos delitos que são comprovadamente focos de violência e geradores de problemas mais complexos. O Código aponta pequenas ocorrências que ficam de fora do Código Penal, mas que não devem ar despercebidas e não podem ser aceitas pela sociedade.” 

Estou tentando entender o que são pequenos delitos.

Publicidade

Dos pontos que conheço do Código, há uma série de teratologias jurídicas que saltam aos olhos de um estudante de direito em seu primeiro dia de aula.

Pacto pela paz não se faz gerando controvérsias.

Uma codificação leva anos para ser escrita, pois parte de leis não escritas para o papel, pois já dizia o prof. Alberto Rufino, citando Carlos Maximiliano, que “o que hoje vigora abrolhou de germes de outrora”.

Publicidade
Clique para comentar

Cancelar resposta 3f472d

Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

Publicado

on

Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

Publicidade

Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

Continue Reading

Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

Publicado

on

Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

Publicidade

A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

Publicidade

Continue Reading

Em alta 43506z

Copyright © 2008 Amigos de Pelotas.

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas 164y3d

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading